Como é que se sente?
Eu acho que um candidato a jornalista a Portugal que não faça esta pergunta numa entrevista de emprego está automaticamente excluído. O caso recente de uma mulher prestes a ter um filho, em directo, na "Família Superstar" da SIC com os repórteres a chatearem por perto é apenas o mais recente exemplo de "como é que se sente?" na televisão. Óbvio que alguém que está a tentar tirar algo do tamanho dum melão por um buraco normalmente do tamanho duma noz deve sentir uma súbita e incontrolável vontade de dançar ao som do Bonga enquanto enquanto lê o consultório sexual da revista maria.
Quem não vir televisão e chegar aqui e ler isto pode pensar que eu estou parvo. É um facto que não andará muito longe da verdade mas ainda algumas coisas ainda sou capaz de ver que "se calhar não era suposto serem assim". Uma dessas coisas é justamente o (muito) irritante hábito que os nossos jornalistas têm de perguntar em toda e qualquer situação ao fortuito entrevistado "como é que se sente neste momento?".
Está uma floresta a arder, as populações a ser evacuadas e a verem todo o trabalho da sua vida prestes a ficar reduzido a cinzas e lá vem alguém "como é que o senhor se sente neste momento?"; as águas do Tejo resolveram vir-se passear alegremente para fora do leito do rio e já cobrem casas até ao tecto, está um indivíduo a tentar salvar o que pode de ficar submerso e lá vem o artista "então, como é que se sente?"; um assaltante levou cem mil euros em valores duma casa, não há notícia sem o "como é que se sente?"; o Benfica perde em casa com o Shaktar e joga mal, à saída do estádio lá está o repórter "o senhor gostou do jogo? Como é que se sente neste preciso momento?"; um pensionista é burlado e fica com um dívida de 5000€ e para ajudar a animá-lo ainda lhe perguntam "como é que o senhor se sente depois de ser enganado?".
É verdade que há sempre aquela ansiedade momentânea que a dúvida de saber se "será desta que o gajo lhe responde o que eu comia agora, era uma saladinha de atum com tostinhas e um copinho de Porta da Ravessa?" ou então de ver alguém dar um murro nas trombas ao jornalista mas como esse dia nunca mais chega ter que assistir a estas situações chega a tornar-se confrangedor...
Eu acho que já era de mudar e inovar um bocadinho e uma pergunta do género "então, costou-lhe mais perder o plasma novinho ou o pc com dois meses?" era bem capaz de trazer uma nova emoção às reportagens...
Quem não vir televisão e chegar aqui e ler isto pode pensar que eu estou parvo. É um facto que não andará muito longe da verdade mas ainda algumas coisas ainda sou capaz de ver que "se calhar não era suposto serem assim". Uma dessas coisas é justamente o (muito) irritante hábito que os nossos jornalistas têm de perguntar em toda e qualquer situação ao fortuito entrevistado "como é que se sente neste momento?".
Está uma floresta a arder, as populações a ser evacuadas e a verem todo o trabalho da sua vida prestes a ficar reduzido a cinzas e lá vem alguém "como é que o senhor se sente neste momento?"; as águas do Tejo resolveram vir-se passear alegremente para fora do leito do rio e já cobrem casas até ao tecto, está um indivíduo a tentar salvar o que pode de ficar submerso e lá vem o artista "então, como é que se sente?"; um assaltante levou cem mil euros em valores duma casa, não há notícia sem o "como é que se sente?"; o Benfica perde em casa com o Shaktar e joga mal, à saída do estádio lá está o repórter "o senhor gostou do jogo? Como é que se sente neste preciso momento?"; um pensionista é burlado e fica com um dívida de 5000€ e para ajudar a animá-lo ainda lhe perguntam "como é que o senhor se sente depois de ser enganado?".
É verdade que há sempre aquela ansiedade momentânea que a dúvida de saber se "será desta que o gajo lhe responde o que eu comia agora, era uma saladinha de atum com tostinhas e um copinho de Porta da Ravessa?" ou então de ver alguém dar um murro nas trombas ao jornalista mas como esse dia nunca mais chega ter que assistir a estas situações chega a tornar-se confrangedor...
Eu acho que já era de mudar e inovar um bocadinho e uma pergunta do género "então, costou-lhe mais perder o plasma novinho ou o pc com dois meses?" era bem capaz de trazer uma nova emoção às reportagens...
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