Boa Música

Dormi até às 5h da tarde e agora estou sem sono. Estaria tudo bem se amanhã (hoje) não me tivesse que pôr a pé pelas 9h30 da matina. Sendo assim, vim aqui parar para ver se enquanto implico com alguém ou alguma coisa me dá o chamado sono.

A sorte grande desta vez calhou a André Sardet, um rapazola simpático ali dos lados de Coimbra. Os leitores mais atentos certamente já terão estranhado por encontrar os termos "Boa Música" e "André Sardet" no mesmo artigo mas eu hoje estou um mãos largas (deve ser do espírito olímpico) e resolvi proporcionar ao rapaz a oportunidade de ver isso acontecer ao menos uma vez na vida. Quem perdeu uma boa oportunidade de ter o seu momento de glória neste cantinho foram os Delfins e João Pedro Pais mas a vez deles há-de chegar.

Às 3h30 da manhã, quando um gajo não tem sono, dá por si a ouvir coisas como o Oceano Pacífico na RFM, o qual por sua vez de vez em quando dá-lhe para passar coisas do género do "Feitiço" deste rapaz.
Sucede que a música em questão pode ser muito fofinha, muito bonitinha, muito remélica e tudo o mais mas vamos olhar para a letra com olhos de ver e depois falamos:

"Eu gostava de olhar para ti,
E dizer-te que és uma luz,
Que me acende a noite, me guia de dia e seduz."

Muito bem, o rapaz de gostava de olhar para a moça e dizer-lhe isso. Tem piada, os meus profs. às vezes também me dizem: "eu gostava muito de o passar mas com este exame não vai ser possível". Se calhar aqui passa-se mais ou menos: o rapaz gostava de olhar para ela e dizer-lhe isso tudo mas não está fácil. Pode ter perdido o número dela mas isto não são coisas que se digam por telefone. Se está à beira e não o diz, voltamos à primeira hipótese.
Além disso, "uma luz que acende a noite?". Quando muito apaga a noite! À noite não se vê bolha! Seria "a luz que acende à noite"? Tendo em conta o verso seguinte se calhar até era: "a luz que acende à noite, me guia de dia...". A cofirmar-se, continua a ser estúpido: se é para guiar de dia, para que é que acende à noite? Para gastar? O ambiente não gosta. E para que raio é preciso uma luz a guiar de dia? O rapaz é ceguinho ou vai haver um eclipse?
Adiante.

"Eu gostava de ser como tu,
Não ter asas e poder voar,
Ter o céu como fundo, ir ao fim do mundo e voltar."

O último que eu vi que não tinha asas e voava era o Son Goku. Nesse caso, a senhora poderia da raça Saiyajin. Mas não vou perder muito mais tempo a tentar descobrir o que a senhora seria. Quem tiver sugestões que avise. Também não vou perder tempo a tentar perceber porque é que ele havia de querer ir ao fim do mundo e voltar logo a seguir. Manias, digo eu.
Segue-se a pérola da música, o clímax: o seu magnífico refrão que espalha tanta paixão (rima e tudo!):

"Eu não sei o que me aconteceu,
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Para gostar tanto assim de alguém
Como tu."

Portanto, o rapaz não sabe o que é que lhe aconteceu. Isso é mau. Depois percebe: foi feitiço! Pronto, está explicado. A moça é uma bruxa (o que já de si é sempre muito simpático de se chamar a alguém) e espetou-lhe com um feitiço em cima, ou seja, ele não está na posse das suas plenas faculdades mas já se começa a aperceber disso. Está no bom caminho. A seguir pergunta que raio lhe deu na cabeça para gostar dela (da bruxa) assim tanto. Isto soa-me a conversa de alguém que acordou com uma grande ressaca e quando olhou para a coira que tinha ao lado pensou: "foda-se, o que é que me deu? Estava todo ceguinho ontem à noite! Ai o que o álcool faz...".
Continuemos:

"Eu gostava que olhasses para mim,
E sentisses que sou o teu mar,
Mergulhasses sem medo, um olhar em segredo, só para eu
Te abraçar."

Bem, esta estrofe é remelice pura, não há muito a dizer. Sobre ela, só tenho a contar uma pequena história que eu conheço:
"-Amor, tu lembras-me o mar!
- A sério? Não sabia que te impressionava tanto!
- Não é isso. Enjoas-me!"
Segue-se mais uma vez o refrão e chegamos ao terceiro verso:

" O primeiro impulso é sempre mais justo, é mais verdadeiro.
E o primeiro susto dá voltas e voltas na volta redonda de um beijo profundo."

A primeira parte parece-me bem, fala dos primeiros impulsos e tal, espontaneadade, sim senhor, parece que estamos finalmente a entrar no bom caminho mas depois... "e o primeiro susto dá voltas e voltas...". É pá, aqui acho que ele vai longe de mais! Primeiro susto? Mas quem é que se assustou mal viu quem? Ele assustou-se quando a viu? Pudera, para ela o ter tido que amarrar com um feitiço... Ou ela é que se assustou quando o viu e pôs-se logo a andar? Se calhar era por isso que ele no início queria dizer-lhe que ela era a luz da vida dele e não sei quê mas não podia: a gaja fugiu!
E que história é essa do susto dar voltas e voltas (ainda por cima redondas!)? Será que ele apanha um susto e começa a correr à rodinha? E depois fala em beijos... Onde é que mete os beijos no meio disto tudo? Apanham os dois um susto, começam a correr às voltinhas e quando a volta deles se encontra dão um beijo? Isto já está a ficar rebuscado demais para meu gosto.
Seja o que for que o mocinho tomou enquanto escrevia isto começou a bater bem forte aqui. O que vale é que já está a acabar... Depois vem o refrão mais meia dúzia de vezes a tentar desculpar-se com a história do feitiço e a "música" acaba. E eu nada mais tenho a acrescentar.

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