Tempo de praia

Olha eu mais uma vez de volta! Ainda não foi desta que arranjei que fazer na vida.

Volto em plena época de calor, de praia e finos com tremoços, época de pouca roupa, de emigrantes e de coçar a micose. Isto tudo relativamente bem somado leva-nos a um dos principais destinos desta época: a praia.

A praia é uma coisa muito gira e fresca (pelo menos do lado do mar) o que é sempre positivo nesta altura mas, como tudo o que é doce, tem o seu "Dark Side".

Comecemos pelo início. Para quem não sabe ou não conhece, a Praia é aquela coisa que não há na Suiça. Depois, nesta altura eles vem todos para cá e é vê-los na dita cuja com os vizinhos das Franças, Alemanhas, etc. A espécie geralmente designada por "Bife" ou "Bifa" vem geralmente da chamada Inglaterra e arredores. Caracteriza-se por um tom de pele extremamente pálido e uma necessidade extrema de protecção da espécie dominante do território praia: o Macho Latino, na sua variedade mais selvagem e jabarda, o Macho Tuga. Este ser geralmente encontra-se dotado de um fluido que aplica nas Bifas para lhes proporcionar protecção contra o Sol ("the sun is very strong. Don't put the number four, put the cream number eight"). Tal gesto é frequentemente recompensado pelas Bifas com rituais de acasalamento.
Para quem continua sem perceber o que é praia, também a poderá identificar em qualquer tarde de Agosto por se tratar de um local com uma densidade populacional superior a 5 habitantes por metro quadrado. Não adianta procurar o revestimento em areia porque nestas condições ele não é visível. Se o espaço em questão tiver estas características mas for indoor e essa populaçao for predominantemente do sexo feminino então trata-se duma loja em saldos. Não se ponha em bikini de barriga para o lá dentro.

Agora que já todos percebemos o que é a praia, passo a explicar o que ela tem de bom: antes de mais, este território é rico no complemento do Macho Tuga: a Gaija Boa (e não me ocorre melhor nome para definir esta santa - quando calada - espécie). Devido às propriedades da época, o revestimento em tecido que usualmente acompanha esta espécie é extramamente reduzido o que só por si é um óptimo prémio estimulante para a vista e alma de qualquer homo sapiens sapiens (e dos grunhos também). Depois, a praia é um recinto de eleição para a práctica desse nobre desporto vulgarmente chamado de "Coçar a Micose". Com as nossas condições e muitas horas de treino certamente seríamos candidatos a uma medalha em Pequim caso esta fosse modalidade Olímpica.

Há mais coisas boas na praia mas isto só por si já é óptimo e não me apetece continuar a desenvolver. Passemos agora ao terrível "Dark Side" da praia.

Infelizmente a Força sofre graves perturbações na grande maioria das praias portuguesas nesta altura do ano. Sem dúvida que uma das principais causas disso é a densidade populacional de que falava há pouco. Pode-se ir para o canto da praia mais afastado do mar que se possa imaginar sem ter ninguém num raio de 3kms que é certinho que 15 minutos depois já todo esse vasto território está repleto de gente e - isto é certinho - mesmo à nossa beira, vem-se instalar uma família enorme, com dois putos rabugentos, rádio a pilhas aos berros a passar o último êxito de Marante, enquanto o marido discute com a mulher e ao mesmo tempo comenta as últimas contratações do Benfica com o indivíduo do guarda-sol do lado.
Com o sossego arruinado, apetece ir dar um mergulho até ao mar mas as vezes isso é uma actividade que requer uma certa coragem. Primeiro, é difícil atravessar um autêntico campo de minas repleto de pauzinhos de gelados, embalagens de iogurte e latas de bebidas. Depois de lá chegar, é preciso ter sorte para a água não estar interdita por causa das salmonelas ou algum parente mais afastado. Ainda assim, mesmo que a água não esteja interdita há que desconfiar da sua qualidade. Em qualquer dos casos, e mesmo juntando-lhe a habilidade de gelar em segundos os ossos de qualquer comedor de cálcio às colheres, muito comum aqui no norte (a água fria, não os senhores do cálcio), é normal ver estas águas cheias de gente nem que tenha havido uma epidemia. Na verdade, contra mim falo pois quem já foi tantas vezes alegremente a banhos na Póvoa de Varzim certamente já terá sofrido níveis de contaminação próximos de Chernobyl. Provavelmente poderá ser uma das explicações para eu escrever estas coisas. Paciência.

Bem, por hoje fico-me por aqui que estou com sono. Boa praia a toda a gente e bons avistamentos.


P.S.: para quem estava distraído, este post contém um pequeno mimo - um vídeo do Marante totalmente grátes! Nos vídeos relacionados poderão ainda encontrar o bonito "Baile de Verão" do José Malhoa.

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