De peito feito
A biblioteca da FEUP é um local muito agradável para se estudar. Por muito difícil de acreditar que isso seja, de vez em quando, até eu tenho que me submeter a esse ritual - o de abrir os livros e analisar atenciosamente o seu conteúdo. Só que tudo o que é demais cansa e chega-se aquelas alturas em que se tem que parar e... não fazer nenhum. Ficar a olhar para o tecto é por si só uma actividade bastante aprazível nestas ocasiões. Infelizmente, é daquelas coisas que acabam por cansar rapidamente e surge a necessidade de se encontrar uma alternatica. É nestas alturas que saltam à vista aqueles sofázinhos, com uma data de revistas pousadas numa mesa em frente, que pedem que a gente se sente neles e deixe o tempo passar.
Como eu não sou pessoa que goste de fazer desfeitas - e os sofás até estavam a pedir com jeitinho - lá tive eu que fazer uma avaliação - positiva, diga-se desde já - aos seus índices de conforto.
Sofá com revista à frente pede - sempre com jeitinho - leitura da dita, nem que ela seja a Exame de Julho de 2007. Ora, acontece que, entre as agendas dos gestores das maiores empresas de Portugal e as últimas de há um ano atrás das Bolsas desse mundo, surge uma notícia que despertou o meu interesse particular: era sobre uma empresa de lingerie que tinha sido comprada por um grupo português.
O tema lingerie é, à partida, bastante interessante (sobretudo quando devidamente acompanhado de fotos) embora os negócios ligados ao seu fabrico não o sejam por aí. Contudo, a conversa ganha todo um novo interesse quando se começa a falar de segmentos de mercado de soutiens. Qual é mesmo o interesse disso? Realmente posto assim desta maneira parece extremamente próximo do zero mas devidamente enquadrado num contexto de gestores a comentar segmentos de soutiens como quem fala de segmentos de Renaults Twingos e Audis A8 a coisa torna-se assim... surreal! Por momentos surge a visão de duas amigas a fazer compras para as suas duas amigas e a discutir entre si coisas como "estava inclinada a levar um Monovolume espaçoso mas à última apaixonei-me por este Todo-o-Terreno muito económico que dá para todo o lado!" ou então "quando era solteira andava muitas vezes com um familiar compacto, muito aconchegadinho, ideal para andar na cidade todos os dias mas desde que tive o Zé Vítor que ando com um familiar compacto, mais espaçoso!".
Não encaixa! Segmentos usa-se para carros, telemóveis, computadores... soutiens são azuis, vermelhos, amarelos, pretos, baratos, caros, apertados, confortáveis, sexys e por aí adiante! Senão qualquer dia começam a surgir soutiens híbridos, com motores eléctricos (sabe-se lá para quê!) e computador de bordo. Se bem que se servissem para pôr as mulheres a gastar menos, não fosse má ideia de todo... embora um tanto ao quanto inconcebível.
No entanto, se por esta altura o artigo já começava a soar um bocado estranho, diria que descambou por completo quando começaram a falar de produzir no estrangeiro... mais concretamente, algures em África (Madagásgar, penso eu de que). Dizia o sr. Gestor da empresa que isso os obrigava a um controlo muito rigoroso para evitar problemas como uns que tinham tido recentemente com o tamanho das copas...
Começamos a focar-nos no essencial: começamos por lingerie, aprofundamos para o capítulo soutiens e agora dediquemo-nos às copas (e não, não estou a falar de jogos de cartas - aqui, a conjugação de Copas e Sueca(s) torna-se inevitável). Sim senhor, estou a gostar do rumo que a conversa leva. Virá o "recheio" a seguir? Eu acho que sim, embora tenha vindo de uma forma um pouco... subliminar.
Vejamos: o senhor está preocupado com o tamanho das copas dos soutiens produzidos em África. Terão vindo "um bocadinho" acima dos padrões europeus? Desconfio que sim. Mas então, os moldes, medidas, e por aí adiante não deviam vir já definidos de Portugal? Ou será que andam a tirar medidas in loco? Será que eles tem na fábrica uma espécie de linha de produção onde põe as senhoras em filinha e depois está alguém no fim a tirar medidas uma a uma? Ou será que lhes aplicam uns moldes em plasticina e depois tiram medidas? E onde é que uma pessoa concorre a um emprego desses? Questões que ficam por resolver.
Apesar de tudo, se o problema dos senhores era o tamanho exagerado, eu acho que isso se resolvia bem: trocavam etiquetas! Era isso ou avisavam nas lojas que era capaz de ser melhor levarem o tamanho abaixo. Isso aceita-se. O que não se aceita, é uma coisa que vi recentemente num qualquer noticiário da nossa querida televisão.
O assunto era novamente uma fábrica de lingerie. Tratava-se de uma empresa de sucesso em tempo de crise, que pesquisava, inovava, lançava coisas novas e por aí adiante. Tudo estaria bem não fosse um desses produtos todos XPTO desses senhores ser uns soutiens que aumentavam o tamanho aparente do peito das senhoras em até dois tamanhos acima! Estamos a falar de passar de um 32 A praí para um 34B (as senhoras que façam a devida conversão que agora não me apetece pensar muito). Isto pode ser muito bom para a auto-estima das senhoras, pode fazer muito bem à vista de toda a gente, com consequentes aumentos na moral de quem vê que conduz a óbvias melhorias na produtividade mas, quanto a mim, isto só tem um nome: publicidade enganosa!
Lembram-se de anúncio aos ovos da Páscoa da Kinder que era mais ou menos assim "por fora, os ovos podem parecer todos iguais e apetitosos mas quando se abrem para ver a surpresa... oh! que decepção!". É como abrir uma embalagem de Magnun e ter lá dentro um Super Maxi ou ir ao cinema ver um filme e só passarem um trailer! São coisas que não se fazem a ninguém.
As senhoras que cometeram este pecado façam o favor de se ir confessar já. E por hoje ficamos por aqui que a conversa já vai longa.
Como eu não sou pessoa que goste de fazer desfeitas - e os sofás até estavam a pedir com jeitinho - lá tive eu que fazer uma avaliação - positiva, diga-se desde já - aos seus índices de conforto.
Sofá com revista à frente pede - sempre com jeitinho - leitura da dita, nem que ela seja a Exame de Julho de 2007. Ora, acontece que, entre as agendas dos gestores das maiores empresas de Portugal e as últimas de há um ano atrás das Bolsas desse mundo, surge uma notícia que despertou o meu interesse particular: era sobre uma empresa de lingerie que tinha sido comprada por um grupo português.
O tema lingerie é, à partida, bastante interessante (sobretudo quando devidamente acompanhado de fotos) embora os negócios ligados ao seu fabrico não o sejam por aí. Contudo, a conversa ganha todo um novo interesse quando se começa a falar de segmentos de mercado de soutiens. Qual é mesmo o interesse disso? Realmente posto assim desta maneira parece extremamente próximo do zero mas devidamente enquadrado num contexto de gestores a comentar segmentos de soutiens como quem fala de segmentos de Renaults Twingos e Audis A8 a coisa torna-se assim... surreal! Por momentos surge a visão de duas amigas a fazer compras para as suas duas amigas e a discutir entre si coisas como "estava inclinada a levar um Monovolume espaçoso mas à última apaixonei-me por este Todo-o-Terreno muito económico que dá para todo o lado!" ou então "quando era solteira andava muitas vezes com um familiar compacto, muito aconchegadinho, ideal para andar na cidade todos os dias mas desde que tive o Zé Vítor que ando com um familiar compacto, mais espaçoso!".
Não encaixa! Segmentos usa-se para carros, telemóveis, computadores... soutiens são azuis, vermelhos, amarelos, pretos, baratos, caros, apertados, confortáveis, sexys e por aí adiante! Senão qualquer dia começam a surgir soutiens híbridos, com motores eléctricos (sabe-se lá para quê!) e computador de bordo. Se bem que se servissem para pôr as mulheres a gastar menos, não fosse má ideia de todo... embora um tanto ao quanto inconcebível.
No entanto, se por esta altura o artigo já começava a soar um bocado estranho, diria que descambou por completo quando começaram a falar de produzir no estrangeiro... mais concretamente, algures em África (Madagásgar, penso eu de que). Dizia o sr. Gestor da empresa que isso os obrigava a um controlo muito rigoroso para evitar problemas como uns que tinham tido recentemente com o tamanho das copas...
Começamos a focar-nos no essencial: começamos por lingerie, aprofundamos para o capítulo soutiens e agora dediquemo-nos às copas (e não, não estou a falar de jogos de cartas - aqui, a conjugação de Copas e Sueca(s) torna-se inevitável). Sim senhor, estou a gostar do rumo que a conversa leva. Virá o "recheio" a seguir? Eu acho que sim, embora tenha vindo de uma forma um pouco... subliminar.
Vejamos: o senhor está preocupado com o tamanho das copas dos soutiens produzidos em África. Terão vindo "um bocadinho" acima dos padrões europeus? Desconfio que sim. Mas então, os moldes, medidas, e por aí adiante não deviam vir já definidos de Portugal? Ou será que andam a tirar medidas in loco? Será que eles tem na fábrica uma espécie de linha de produção onde põe as senhoras em filinha e depois está alguém no fim a tirar medidas uma a uma? Ou será que lhes aplicam uns moldes em plasticina e depois tiram medidas? E onde é que uma pessoa concorre a um emprego desses? Questões que ficam por resolver.
Apesar de tudo, se o problema dos senhores era o tamanho exagerado, eu acho que isso se resolvia bem: trocavam etiquetas! Era isso ou avisavam nas lojas que era capaz de ser melhor levarem o tamanho abaixo. Isso aceita-se. O que não se aceita, é uma coisa que vi recentemente num qualquer noticiário da nossa querida televisão.
O assunto era novamente uma fábrica de lingerie. Tratava-se de uma empresa de sucesso em tempo de crise, que pesquisava, inovava, lançava coisas novas e por aí adiante. Tudo estaria bem não fosse um desses produtos todos XPTO desses senhores ser uns soutiens que aumentavam o tamanho aparente do peito das senhoras em até dois tamanhos acima! Estamos a falar de passar de um 32 A praí para um 34B (as senhoras que façam a devida conversão que agora não me apetece pensar muito). Isto pode ser muito bom para a auto-estima das senhoras, pode fazer muito bem à vista de toda a gente, com consequentes aumentos na moral de quem vê que conduz a óbvias melhorias na produtividade mas, quanto a mim, isto só tem um nome: publicidade enganosa!
Lembram-se de anúncio aos ovos da Páscoa da Kinder que era mais ou menos assim "por fora, os ovos podem parecer todos iguais e apetitosos mas quando se abrem para ver a surpresa... oh! que decepção!". É como abrir uma embalagem de Magnun e ter lá dentro um Super Maxi ou ir ao cinema ver um filme e só passarem um trailer! São coisas que não se fazem a ninguém.
As senhoras que cometeram este pecado façam o favor de se ir confessar já. E por hoje ficamos por aqui que a conversa já vai longa.
Comentários
Vou ver se tiro um tempinho (depois dos exames, vá) para ler mais textos teus. Keep writing! *