Estudos científicos
Os cientistas são gente estranha. Gente estranha e sem muito que fazer. Acontece que, como gente da ciência que são, gostam de inventar. E inventam. Quando não têm que fazer, inventam qualquer coisa para se entreterem.
É neste contexto que todas as semanas (para não dizer todos os dias) somos brindados com "estudos científicos" absolutamente extraordinários. Falo daqueles estudos do género "cientistas alemães descobrem que pessoas com sinais na face esquerda da cara têm maior tendência para tirar cotão do umbigo com a mão direita" ou "uma equipa de investigadores do Texas provam que pessoas que um em cada três trolhas abre as 'minis' com os dentes". Basta ouvir um qualquer Programa da Manhã de uma qualquer rádio com frequência que, no espaço de um mês, ficamos com a nossa cultura científica extremamente enriquecida. Claro que há sempre aqueles cientistas que, nos tempos livres, se dedicam a investigar a cura para o cancro ou a procurar métodos para reduzir o efeito de estufa mas esses não são para aqui chamados. Esses que continuem a trabalhar que estão muito bem. Se descobrirem alguma de relevante apareçam à Queima em Maio que eu pago-lhes uma Bifana ou um Pão com Chouriço.
Voltando ao que eu estava a dizer mais acima, é impressionante a quantidade destes estudos sobre "a maneira mais utilizada para encher alheiras em Mirandela que aparecem". Quase tão impressionante como isso, é a velocidade meteórica com que aparecem e desaparecem. A notícia aparece, dá na rádio ou na televisão, em jeito de curiosidade, no próprio dia em que vem a pública ainda se encontra alguma coisa sobre ela mas... dois ou três dias depois já não se encontram vestígios dela nem nos recantos mais obscuros na net.
É neste contexto que, durante a última semana, me surgiram dois estudos que me interessaram particularmente. Claro que quando vim à procura deles para rever a matéria e os poder partilhar com o mundo já tinham "botado sumiço". Felizmente, eu tenho muito boa memória (diria mesmo, um mimo de memória!) e partilho na mesma o essencial com o resto do mundo (cientistas sem muito que fazer incluídos).
Um desses estudos era sobre o choro. Dizia ele que chorar fazia muito bem à saúde, ajudava a libertar coisas más, incentivava a indústria dos lenços de papel, blá, blá, blá por aí adiante. Contudo, a informação a reter deste estudo, era a seguinte: os homens choram, em média, 7 vezes por ano e as mulheres 47 vezes.
Se estão com o vosso índice chorístico atrasado, aproveitem este momento para chorar um pouco porque o ano está a acabar e no fim há que prestar contas. Eu, só ontem, despachei logo 5 choros à pala de uns gregos. Só que como o Benfica não enfarda 5 todos os dias, fico curioso de onde vem tanto choro. Estive a tentar reunir motivos para se chorar, pelo menos, 7 vezes num ano e assim de repente lembrei-me de "levar com os pés da namorada/mulher", "morte de familiar/amigo", "acidente com o carro", "perder o campeonato", "ser assaltado", "ser despedido". Não consegui chegar às 7 mas algumas destas podem-se repetir e facilmente chegamos às 8 ou 9, se for preciso. Só que um gajo a quem lhe acontece tudo isto num ano não precisa de libertar substâncias nocivas, nem raiva, nem precisa de psicólogos ou abraços. Um gajo a quem lhe aconteça tudo isto num ano precisa de ir à bruxa e depressa!
Ora, isto é média... Ou seja, para que a média dê 7, tem que a gente a precisar de chorar muito mais de 7 vezes num ano. Quem é o desgraçado a quem lhe acontece tanta coisa? Tal criatura merecia, no mínimo, cinco minutos de tempo de antena no programa da Júlia e uma caixa bem grande de Ferrero Rochers pelo Natal.
Por esta altura já há gente por aí a chamar-me de "parvo", "insensível", "bruto", "gajo cruel" entre outros mimos do género e ainda só me dei ao trabalho de analisar o caso dos homens. Por mim, tudo bem, mas eu continuo a ter razão. Passemos então às mulheres.
À primeira vista, 47 vezes pode parecer muita fruta e que vou aqui a falar disto até amanhã. Dá uma média de quase um choro por semana. Só que são 47 vezes causadas apenas e só por dois motivos: por tudo... e por nada! Desde aqueles saldos que já não conseguiram apanhar, passando pelo namorado ter chegado 10 minutos atrasado ao encontro até uma simples dor de cabeça, tudo é motivo para elas chorarem e fazerem disso uma tragédia! Diz o mesmo estudo que alguns desses choros chegam a durar cerca de 60(!) minutos. Quanto a mim, para se conseguir isso, já é preciso mais do que capacidade para arranjar um motivo para chorar no simples acto de descascar uma tangerina: é preciso talento! Muito talento e anos de treino e dedicação. E se a média é 47, nem quero pensar nas que estão acima da média... Verdadeiras fora-de-série!
O mais incrível nestes estudos, são os números. Não só pela dimensão em si (que também consegue impressionar) mas também pelo simples facto de os conseguirem obter. Quem é que conta isto tudo? Anda alguém a seguir esta gente de um lado para o outro (até no quarto) com um contador na mão para ver quantos vezes choram? Eu se tivesse um marmanjo atrás de mim o tempo a contar uma coisa destas também era capaz de chorar por tudo e por nada. Nem que fosse só para ver se o gajo se ia embora: "já chega? Ainda não? Então toma lá mais um...". Quem é, a alminha sem vida, que se dedica a fazer estas contagens? Tem que haver alguém. Senão, tenho que acreditar que há gente por esse mundo fora que anda com um papel no bolso a anotar as vezes que chora:
- Solange, vou-te deixar. Vou-te trocar por outra mais nova.
- Seu cafageste! Espera aí, antes de reagir, tenho só que tomar nota aqui de uma coisa... Só um bocadinho que já armo escândalo.
Não sei qual das duas perspectivas é mais assustadora.
Podia acabar por aqui mas a ciência é pródiga em dar-nos novidades e, como disse mais acima, há dois estudos que mereceram a minha atenção esta semana (podem sempre fazer um pausa e ir beber um copo de água e comer umas bolachinhas que eu espero...................................................... já foram? Podemos continuar? Óptimo, siga adiante).
O outro estudo de que falava, conclui que "empregados que acham que têm um patrão incompetente têm maiores probabilidades de sofrer ataques cardíacos".
Para quem se prepara para entrar no mercado de trabalho dentro de três ou quatro anos, como eu, esta dica tem um valor inestimável. Assim que suspeitar que o meu patrão é incompetente, a primeira coisa que faço é demitir-me. Pela minha saúde! Claro que podia sempre aspirar a substituir o incompetente ou até manipulá-lo mais facilmente mas com a saúde não se brinca e assim ao mínimo sinal de incompetência ponho-me a andar.
Claro que isto também tem o seu lado inconceniente. A partir de agora, empregado que tenha um ataque cardíaco, se conseguir sobreviver, escusa de voltar ao escritório porque nenhum patrão o vai querer de volta. Aliás, até se torna perigoso ter um ataque cardíaco no emprego:
- Ò chefe, chefe!!! O Meireles teve um ataque cardíaco ali à beira da máquina do café! Chame uma ambulância! Depressa!!!
- Ai ele acha que eu sou isso?... (Espera aí que já vês...). Vai ajudar o teu colega que aqui o "incompetente" vai "chamar" a ambulância... (já foste!). Eu trato já disso... Mesmo, mesmo já a seguir...
E mais uma vez a questão mantém-se: quem conta isto?! E porquê? Será que de cada vez que alguém cai no meio do escritório salta um gajo de trás da fotocopiadora a gritar "Pumba! Mais um! Ò sócio, diz-me só uma coisa num instante. Não percas a consciência que isto é importante! Ouve bem: achas o teu chefe competente ou incompetente? Podes justificar?".
Há ainda uma outra hipótese que pode explicar não só os motivos dos estudos, como explica também os números obtidos: é a chamada hipótese "garrafa de absinto". A hipótese "bar aberto" explicava não só os pontos anteriores como explicava o destino dos fundos reservados à investigação. Ainda para mais, se tivermos em conta que estes estudos costumam vir de Universidades... Mas se calhar são só ideias minhas.
Agora, podem dizer que hoje já aprenderam não umas duas coisas novas hoje! E tudo com carimbo científico. Já ganharam o dia. Quem é amigo e ensina coisas giras?
P.S.: já agora, se alguém se quiser dar ao trabalho de procurar estes estudos e partilhar aqui com a gente, sempre ficavam aí para a posterioridade.
É neste contexto que todas as semanas (para não dizer todos os dias) somos brindados com "estudos científicos" absolutamente extraordinários. Falo daqueles estudos do género "cientistas alemães descobrem que pessoas com sinais na face esquerda da cara têm maior tendência para tirar cotão do umbigo com a mão direita" ou "uma equipa de investigadores do Texas provam que pessoas que um em cada três trolhas abre as 'minis' com os dentes". Basta ouvir um qualquer Programa da Manhã de uma qualquer rádio com frequência que, no espaço de um mês, ficamos com a nossa cultura científica extremamente enriquecida. Claro que há sempre aqueles cientistas que, nos tempos livres, se dedicam a investigar a cura para o cancro ou a procurar métodos para reduzir o efeito de estufa mas esses não são para aqui chamados. Esses que continuem a trabalhar que estão muito bem. Se descobrirem alguma de relevante apareçam à Queima em Maio que eu pago-lhes uma Bifana ou um Pão com Chouriço.
Voltando ao que eu estava a dizer mais acima, é impressionante a quantidade destes estudos sobre "a maneira mais utilizada para encher alheiras em Mirandela que aparecem". Quase tão impressionante como isso, é a velocidade meteórica com que aparecem e desaparecem. A notícia aparece, dá na rádio ou na televisão, em jeito de curiosidade, no próprio dia em que vem a pública ainda se encontra alguma coisa sobre ela mas... dois ou três dias depois já não se encontram vestígios dela nem nos recantos mais obscuros na net.
É neste contexto que, durante a última semana, me surgiram dois estudos que me interessaram particularmente. Claro que quando vim à procura deles para rever a matéria e os poder partilhar com o mundo já tinham "botado sumiço". Felizmente, eu tenho muito boa memória (diria mesmo, um mimo de memória!) e partilho na mesma o essencial com o resto do mundo (cientistas sem muito que fazer incluídos).
Um desses estudos era sobre o choro. Dizia ele que chorar fazia muito bem à saúde, ajudava a libertar coisas más, incentivava a indústria dos lenços de papel, blá, blá, blá por aí adiante. Contudo, a informação a reter deste estudo, era a seguinte: os homens choram, em média, 7 vezes por ano e as mulheres 47 vezes.
Se estão com o vosso índice chorístico atrasado, aproveitem este momento para chorar um pouco porque o ano está a acabar e no fim há que prestar contas. Eu, só ontem, despachei logo 5 choros à pala de uns gregos. Só que como o Benfica não enfarda 5 todos os dias, fico curioso de onde vem tanto choro. Estive a tentar reunir motivos para se chorar, pelo menos, 7 vezes num ano e assim de repente lembrei-me de "levar com os pés da namorada/mulher", "morte de familiar/amigo", "acidente com o carro", "perder o campeonato", "ser assaltado", "ser despedido". Não consegui chegar às 7 mas algumas destas podem-se repetir e facilmente chegamos às 8 ou 9, se for preciso. Só que um gajo a quem lhe acontece tudo isto num ano não precisa de libertar substâncias nocivas, nem raiva, nem precisa de psicólogos ou abraços. Um gajo a quem lhe aconteça tudo isto num ano precisa de ir à bruxa e depressa!
Ora, isto é média... Ou seja, para que a média dê 7, tem que a gente a precisar de chorar muito mais de 7 vezes num ano. Quem é o desgraçado a quem lhe acontece tanta coisa? Tal criatura merecia, no mínimo, cinco minutos de tempo de antena no programa da Júlia e uma caixa bem grande de Ferrero Rochers pelo Natal.
Por esta altura já há gente por aí a chamar-me de "parvo", "insensível", "bruto", "gajo cruel" entre outros mimos do género e ainda só me dei ao trabalho de analisar o caso dos homens. Por mim, tudo bem, mas eu continuo a ter razão. Passemos então às mulheres.
À primeira vista, 47 vezes pode parecer muita fruta e que vou aqui a falar disto até amanhã. Dá uma média de quase um choro por semana. Só que são 47 vezes causadas apenas e só por dois motivos: por tudo... e por nada! Desde aqueles saldos que já não conseguiram apanhar, passando pelo namorado ter chegado 10 minutos atrasado ao encontro até uma simples dor de cabeça, tudo é motivo para elas chorarem e fazerem disso uma tragédia! Diz o mesmo estudo que alguns desses choros chegam a durar cerca de 60(!) minutos. Quanto a mim, para se conseguir isso, já é preciso mais do que capacidade para arranjar um motivo para chorar no simples acto de descascar uma tangerina: é preciso talento! Muito talento e anos de treino e dedicação. E se a média é 47, nem quero pensar nas que estão acima da média... Verdadeiras fora-de-série!
O mais incrível nestes estudos, são os números. Não só pela dimensão em si (que também consegue impressionar) mas também pelo simples facto de os conseguirem obter. Quem é que conta isto tudo? Anda alguém a seguir esta gente de um lado para o outro (até no quarto) com um contador na mão para ver quantos vezes choram? Eu se tivesse um marmanjo atrás de mim o tempo a contar uma coisa destas também era capaz de chorar por tudo e por nada. Nem que fosse só para ver se o gajo se ia embora: "já chega? Ainda não? Então toma lá mais um...". Quem é, a alminha sem vida, que se dedica a fazer estas contagens? Tem que haver alguém. Senão, tenho que acreditar que há gente por esse mundo fora que anda com um papel no bolso a anotar as vezes que chora:
- Solange, vou-te deixar. Vou-te trocar por outra mais nova.
- Seu cafageste! Espera aí, antes de reagir, tenho só que tomar nota aqui de uma coisa... Só um bocadinho que já armo escândalo.
Não sei qual das duas perspectivas é mais assustadora.
Podia acabar por aqui mas a ciência é pródiga em dar-nos novidades e, como disse mais acima, há dois estudos que mereceram a minha atenção esta semana (podem sempre fazer um pausa e ir beber um copo de água e comer umas bolachinhas que eu espero...................................................... já foram? Podemos continuar? Óptimo, siga adiante).
O outro estudo de que falava, conclui que "empregados que acham que têm um patrão incompetente têm maiores probabilidades de sofrer ataques cardíacos".
Para quem se prepara para entrar no mercado de trabalho dentro de três ou quatro anos, como eu, esta dica tem um valor inestimável. Assim que suspeitar que o meu patrão é incompetente, a primeira coisa que faço é demitir-me. Pela minha saúde! Claro que podia sempre aspirar a substituir o incompetente ou até manipulá-lo mais facilmente mas com a saúde não se brinca e assim ao mínimo sinal de incompetência ponho-me a andar.
Claro que isto também tem o seu lado inconceniente. A partir de agora, empregado que tenha um ataque cardíaco, se conseguir sobreviver, escusa de voltar ao escritório porque nenhum patrão o vai querer de volta. Aliás, até se torna perigoso ter um ataque cardíaco no emprego:
- Ò chefe, chefe!!! O Meireles teve um ataque cardíaco ali à beira da máquina do café! Chame uma ambulância! Depressa!!!
- Ai ele acha que eu sou isso?... (Espera aí que já vês...). Vai ajudar o teu colega que aqui o "incompetente" vai "chamar" a ambulância... (já foste!). Eu trato já disso... Mesmo, mesmo já a seguir...
E mais uma vez a questão mantém-se: quem conta isto?! E porquê? Será que de cada vez que alguém cai no meio do escritório salta um gajo de trás da fotocopiadora a gritar "Pumba! Mais um! Ò sócio, diz-me só uma coisa num instante. Não percas a consciência que isto é importante! Ouve bem: achas o teu chefe competente ou incompetente? Podes justificar?".
Há ainda uma outra hipótese que pode explicar não só os motivos dos estudos, como explica também os números obtidos: é a chamada hipótese "garrafa de absinto". A hipótese "bar aberto" explicava não só os pontos anteriores como explicava o destino dos fundos reservados à investigação. Ainda para mais, se tivermos em conta que estes estudos costumam vir de Universidades... Mas se calhar são só ideias minhas.
Agora, podem dizer que hoje já aprenderam não umas duas coisas novas hoje! E tudo com carimbo científico. Já ganharam o dia. Quem é amigo e ensina coisas giras?
P.S.: já agora, se alguém se quiser dar ao trabalho de procurar estes estudos e partilhar aqui com a gente, sempre ficavam aí para a posterioridade.
Comentários
- primeiro acho que querias dizer alheira e não aleira :P
- trolhas a abrir minis com os dentes? hmm de certeza que não usaste a tua experiência pessoal?! xD
- terceiro: bem, se é rádio... ja tem frequência xD
- boa memória?? ahahah (nem digo mais nada:P)
- tipo, quem é que chamado solange iria dizer "seu cafageste" e depois falar perfeitamente portugues no resto da frase? (tens de prestar mais atenção às telenovelas da sic:P)
- e, dioguito, tu no mercado de trabalho dentro de 3 a 4 anos??? ahahah bem, veremos, até porque se os teus futuros patrões lerem aqui o sítio e virem que já em petiz procuras desculpas pa te demitires ai ai ai... <"&"